Saturday, September 15, 2007

Edukators

Die fetten Jahre sind vorbei! Edukators.


Uma família da alta burguesia alemã chega de férias em casa e fica bestializada com os móveis empilhados no meio da sala. Todos loiros com a expressão aberta em dentes brancos. O aparelho de som na geladeira, os soldados de porcelana no vaso sanitário, a estátua enforcada na sala, e uma carta para eles: Die fetten Jahre sind vorbei! Seus dias de fartura terminaram. Assinada por: Edukators. E há também o desejo de vingança quando descobrem o causador do furo financeiro de Jule (Julia Jentsch), e invadem sua casa. Mas algo não acontece como o planejado.

Até que ponto é saudável a tentativa de mudar a sociedade? E até que ponto é eficiente? O medo corrompe as mentes sobre as faces bem lavadas. Edukators mostra uma tentativa de eliminar o câncer da sociedade de forma radical. Influenciados por um antigo grupo de ideais semelhantes, dois jovens (posteriormente três) tentam reparar as injustiças que vêem no sistema opressor.

O sucesso pessoal deve ser encarado como uma forma de oprimir os que não o conseguem? O capitalismo expressa-se pela distância que se cria entre as diferentes classes e oportunidades. Entretanto, já é tão atávico que mudá-lo seria como desmembrar-se, a humanidade não sabe viver sem a ganância e a violência. Será? Isso é apresentado subentendidamente no filme. Por exemplo no motivo de Jule querer invadir a casa de Hardenberg (Burghart Klaubner), para ensiná-lo sobre os malefícios do dinheiro e da ostentação, era exatamente o dinheiro que ela viu-se sem, por conta de um acidente.

Emoções e desejos pessoais, anseios e inseguranças. Traços psicológicos da juventude que vêm à tona após uma constatação inesperada e indiscreta, óbvia, porém. De certo modo, é possível traçar um paralelo entre essa constatação e a proposta principal do filme, afinal, ainda são jovens, energia e inexperiência atrás de um propósito, um princípio. À semelhança do cenário opressor de Os Sonhadores, embora tratados de forma diferente, Edukators mostra uma vontade de mudança, rejeição à inércia que as mentalidades de liderança outorgaram.

Saturday, September 8, 2007

A Primeira Noite de Um Homem

Inflamado pelas músicas Simon & Garfunkel, eu peço perdão, mas tenho que resenhar The Graduate.


A começar por uma das melhores trilhas sonoras existentes. Entretanto, o que define a qualidade de uma trilha sonora? Não é apenas a qualidade das músicas por si só, mas como elas interagem com as cenas e com as personagens e suas ações, reações e emoções. E então, tem-se uma ótima trilha sonora, conciliando todos estes fatores. "A Primeira Noite De Um Homem" consegue trazê-los à tona maravilhosamente bem. Simon & Garfunkel tornaram-se parte do filme, eternizado com o Oscar de Melhor Diretor, Grammy de Melhor Trilha Sonora e outros cinco Globos de Ouro, fora as indicações tantas outras.

Dá-se uma situação brusca do recém formado Benjamim Braddock (Dustin Hoffman) que é seduzido por uma amiga (Anne Bancroft) de seus pais e, posteriormente, se apaixona por sua filha. Triângulos amorosos são uma figura comum aos enredos de cinema da época, mas este destacou-se por envolver a disputa entre mãe e filha por um rapaz que não sabe o que será seu futuro.

Metaforicamente falando, é fácil traçar um paralelo entre a vida contemporânea e as voltas que o filme propõe. As disputas entre a experiência e a novidade, a fugacidade da juventude, qual das duas é a melhor? Há algo melhor? Obviamente, perguntas como estas não têm uma resposta direta, tratam-se de pontos de vista de situações distintas. Depende.

Recentemente, foi produzido um filme que apresenta uma pseudo-continuação para "A Primeira Noite de Um Homem", estrelado por Jennifer Aniston e Kevin Costner, "Dizem Por Aí..." propõe que o roteiro de "A Primeira Noite de Um Homem" foi inspirado na história da família de Sarah Huttinger (J. Aniston) e que sua avó seria a própria Mrs. Robinson que, no outro filme, seduzira Ben Braddock. Entretanto, são apenas boatos. Propondo um final diferente do roteiro original do filme, "Dizem Por Aí..." torna-se um ótimo filme para complementar "A Primeira Noite de um Homem", embora não seja realmente necessário.

Thursday, September 6, 2007

Donnie Darko

"- Why are you wearing this stupid rabbit suit?
-Why are you wearing this stupid man suit?"


Metafísica em sua essência. O que é real? Quais são os valores morais que realmente importam, ou, valores morais realmente importam? A partir de uma estrada, Donnie Darko (Jake Gyllenhaal) começa sua história acordando no meio do nada, num vazio tranqüilo. E volta para a cidade sorrindo e observando-a. Talvez uma metáfora para o renascer de si mesmo, a renovação, um novo Donnie.

Algumas reflexões expostas diretamente, algumas opniões, inclusive metalingüísticas, no filme, algumas tiradas com um humor pungente e inteligente permeiam as atuações de nomes como Drew Barrymore e Patrick Swayze, entre outros. Destaque para um diálogo um tanto machista acerca da sociedade dos Smurfs, teorias conspiracionistas e detalhadamente compostas pelas grandes mentes criadoras, ou pelas grandes mentes que imaginaram-nas. Outro ponto alto do filme é a trilha sonora que, basicamente, contém sucessos do final dos anos oitenta e prepara o clima adequado para os diálogos e as proposições que o enredo levanta.

Brincando com o tempo e com as reações psicossomáticas das personagens, o roteiro de Donnie Darko, apresenta voltas e rodopios em torno da própria mentalidade do protagonista. Suportando acusações indescritas, a pressão que a família faz inevitavelmente, a relação estranha com uma nova conhecida, a alienação provocada por um autor de auto-ajuda na sua escola, e Frankie, um homem-coelho que aparece no seu espelho e, posteriormente, ao seu lado e à sua volta, seu novo amigo imaginário; Donnie vê sua casa ser atingida pela turbina de um avião. Mas ninguém saiu ferido, aparentemente.

À semelhança de Quem Somos Nós? (What The Bleep Do We Know?), Donnie Darko traz uma reflexão geral sobre a realidade em si. Sobre a situação a que a sociedade e as relações humanas chegaram. Distinguindo-se daquele no ponto em que toca à obviedade com que tais assuntos são tratados, até considerando o formato dos filmes. Donnie Darko traz uma abordagem mais direta da problemática que a dúvida da realidade gera, e o documentário mostra fatos sobre a realidade e as pequisas acerca de física quântica e seus vértices. O que é a realidade, afinal? Qual é a real linha de tempo que o espaço pode observar? Tudo é possível? E porque não?

Wednesday, September 5, 2007

Minha Vida Sem Mim


Impressionante. O filme é impressionante, o roteiro é impressionante, a equipe de produção é impressionante.


Dê vazão às suas lágrimas regularmente, se não conseguir por si só, Minha Vida Sem Mim. A história tem por base o drama de uma mulher que assiste à vida ambulante que está no mundo, vê universidades e alunos, mas sabe que não poderá participar do movimento do ideal social capitalista. Entretanto, não é abalada por morar num trailer apertado, com duas filhas pequenas e um marido que vaga pelos empregos.

A primeira cena está exatamente no lugar onde deveria estar. Um discurso que traz à tona o real peso do filme, a real crítica intrínseca. Há chuva caindo e há sinestesia até nas cores, tudo é tão tranqüilo e doce e a chuva alarga o diâmetro da percepção. Outras duas coisas interessantes no filme, tecnicamente falando, são a participação de Debbie Harris como a figura do conservadorismo acomodado, a mãe de Ann; e o título do filme, o ápice lacrimal é o momento em que o título aparece.

Qual é a real utilidade prática de mais alguns anos estudando? E depois se dedicar a uma vida presa ao trabalho e, muitas vezes, distante da felicidade e da liberdade desta. A felicidade que Ann experimentava era real. Havia os problemas que a carência econômica gerava, mas os dias com as filhas era magnanimamente superior. Mas quando um caminho vê um fim, o chão balança por não querer terminar.

A mente exausta de mentar percebe que a felicidade não está num acúmulo desordenado de capital ou de conhecimentos mil, mas em pequenos detalhes e vontades realizadas. Brincadeiras e risos descompromissados apesar do pesar incessante que ronda. Não é difícil perceber que o mundo não parou quando você ficou sentada numa paixão no meio do caminho, mas faz pensar se realmente é necessário acompanhar o rodar incessante. Você senta-se, suas cartas chegam, suas filhas crescem, sua voz ecoa e as lágrimas secam, sua vida anda, e você sentada.

Resenhando e Dabiscando

Uma área diferente pra mim. Decidi começar esse blog para postar resenhas em geral, isso é, de livros, filmes, música e tudo mais. Na verdade, meu tempo disponível é muito curto, mas eu tentarei fazer algo legal aqui.
Boana, em bom português, é o coletivo de Borboletas. Tudo o que merece uma resenha ou um comentário é tão belo ou útil ou bom quanto uma borboleta. Borboletas mudam de forma, de comportamento, de caminho e de ponto de vista, consequentemente. Acredito que esse é o parâmetro de quase toda concepção artística.